Confissões à queima roupa

quinta-feira, dezembro 27, 2007

Corropios de felicidade exagerada

Repousava só, em leves pensamentos de branda ternura.
Retirada dessa sua calmaria, não à força, não porque não estivesse ansiosa por isso, mas também ao mesmo tempo não por vontade própria, foi-lhe roubada a sua quietude e a sua simples felicidade por viver simplesmente.
Tudo ao mesmo tempo, e ao mesmo tempo coisa nenhuma. Corropios de felicidade exagerada que passam e não ficam e a sua calma nunca mais voltava.
Desejaria ela o seu regresso?
Ardentemente, apaixonadamente, inconscientemente... não!
Era assim que ela gostava de viver, completamente entornada em lágrimas e sorrisos que se confundiam em episódios de euforia e de completa depressão.
Um dia os sorrisos não voltaram, e ela passou a viver apenas com a triste companhia das lágrimas que cada a vez a faziam sentir mais pequenina. Cada vez mais pequena, mais pequenina, sentiu que das lágrimas tinha de se livrar.
Sentou-se na areia e chorou, chorou, chorou... Chorou até doer, chorou até sarar...
Doía porque sabia que a sua maneira de viver tinha de mudar, porque os corropios de felicidade exagerada e o bem que eles sabiam não justificavam o resto do tempo que passava a sós com as suas lágrimas, doía porque um pedaço dela morria e porque a vida nunca mais seria a mesma. Mas também sarava, porque respirava e já não estava a sufocar, porque era uma nova etapa, porque ela agora já queria ardentemente, apaixonadamente, conscientemente a sua calma de volta. Não a calmaria da monotonia, mas antes uma pacifica maneira de viver que ela acreditava agora poder fazer renascer o que de melhor existia nela.