Rui Veloso - O prometido é devido
Rui Veloso - O prometido e devido
Tantos o cantam, tantos o choram, tantos o vivem, tantos o pintam, tantos o representam. Ele existe não existe? O amor. Não um amor qualquer, o amor verdadeiro, o que mói, o que rói, o que nos enche, nos preenche, nos faz pensar e deixar de pensar ao mesmo tempo, o que nos faz rir de coisas parvas, que nos faz gostar do que odiávamos, que nos faz ser melhores pessoas, que nos faz sonhar, que nos faz correr atrás, que nos faz cantar, que nos faz dançar, que nos faz ver nas coisas simples as mais belas. O amor é cego mas abre-nos os olhos. Eu quero que ele exista, preciso de acreditar que ele existe. Por mim, mas também pelos outros. Quero que exista aquele amor dos filmes a preto e branco, quero o amor num simples beijo, o amor num olhar, num toque, o amor que me angustia, que me faz sentir borboletas no estômago, que me faz sentir uma miúda outra vez. Quero o amor simples, o que é amor e apenas isso, sem apêndices, sem frases feitas, sem banalidades, quero o amor só porque o quero e por mais nenhuma razão. Não me contento com sinónimos de amor, com um quase amor, uma quase paixão. Eu acredito que ele existe, e por saber isso, simplesmente sou feliz.
Para variar estou acordada a esta hora porque estou com insónias… E como é normal quando não me dá para dormir dá-me para pensar! Aqui dou por mim no meu quarto de Coimbra a ouvir as mesmas músicas de sempre da Adriana Calcanhoto, da Marisa Monte e a lembrar situações do passado. Aqui tenho muito tempo para pensar, não sei se é bom ou mau, a verdade é que quase todos os dias passo a vida em revista e sem chegar a grandes conclusões. O pensamento no entanto hoje não é o mesmo de sempre. Ressurge de uma conversa de café, daquelas até bastante banais entre amigas, no entanto essa conversa normal deixa uma inquietude em mim… Afinal qual é a maneira mais saudável de gostarmos d uma pessoa? É ficarmos pela amizade sem ter mais preocupações e não arriscarmos demasiado? Nunca fui de deixar as coisas pela metade, e muito menos de desistir, mas o medo de sofrer ás vezes também me atinge! E depois também já não tenho a certeza se o amor e a paixão surgem naturalmente ou se podem construir. O desafio atrai, tal como por vezes o incerto também o faz. O difícil está em ter a coragem de ir atrás do desafio consciente das adversidades que podem surgir derivadas das nossas atitudes. Diz-se que, quem não luta, não perde o medo de ir atrás, quem não tem coragem de enfrentar também as coisas más nunca chega ao pleno da vida, da sabedoria, do amor… Por isso muito possivelmente mais vale arriscar e chegar ao pleno por um instante do que chegar ao fim da vida e nunca ter tido um minuto plenamente feliz. Tal como se diz que só os tolos são felizes, porque não ser tolo de vez em quando? Eu não tenho vergonha de o parecer por vezes. Se isso me faz feliz e pode fazer os outros felizes para quê censurar?
Apareces-te e confundiste-me. Quando pensava que finalmente tinha alguma estabilidade emocional para começar a minha vida do zero, surges e vens provar-me que isso é uma grande mentira. Agora o passado confunde-se com o presente e não me deixa pensar claramente no futuro. Quando de um lado vemos tudo o que sempre desejámos e do outro vemos aquilo que desejamos tão ardentemente os sentimentos confudem-se... Não sei bem ao certo o que quero, muito menos o caminho que escolher. E se não escolher nada o que será que acontece? Será que acabará por chegar o que o destino me reservava? E se afinal o destino não existe? Ficarei para sempre á espera de algo que tinha de ser eu a construir... Secalhar se não tentar acabo por ficar sem nada... Mas a questão é que se tentar posso ficar sem nada na mesma...